Retomando a mitologia

Ainda que a batalha no reino extra-dimensional de Outland continue recebendo novos soldados a todo instante, tanto a Horda quanto a Aliança foram forçadas a mudar seu foco de ação principal de volta para Azeroth. A ameaça do Lich King, personificado pela figura de Arthas Menethil – o príncipe que traiu seus aliados e derrubou seu próprio reino – está cada vez mais evidente, levando as duas facções a enviar expedições para o continente gelado de Northrend, onde o vilão reside em meio ao seu exército de mortos-vivos conhecido como Scourge.
Batalha contra Lich King

Enquanto a expansão anterior, “The Burning Crusade”, colocou os jogadores para explorar história da antiga terra dos Orcs e refúgio dos Draenei, com muitos toques de ficção científica, agora “Wrath of the Lich King” funciona como uma volta às origens. Vários temas presentes no pacote original de “World of Warcraft” são retomados, como a purificação da espada Ashbringer – que seria equivalente à Frostmourne, a poderosa arma de Arthas – e a unificação da Aliança em torno do rei Varian Wrynn, que ressurgiu para acabar com a trégua entre as icônicas facções.
Northrend também resgata paisagens bucólicas do jogo clássico, como florestas e vales gelados, ainda que agora com muitas influências da mitologia nórdica. Tais referências surgem desde zonas iniciais, como os fiordes de Howling Fjord, à figura dos guerreiros de gelo gigantes que povoam as finais, como Storm Peaks, espalhadas também nos equipamentos e armas, repletos de pêlos, chifres, espinhos e outros adereços que as conectam. Mas ainda também há espaço para a tradicional irreverência da Blizzard, como motocicletas rústicas – que são caríssimas e só podem ser feitas por engenheiros – e até mesmo tanques de guerra que geralmente são utilizados nas novas zonas de PVP (Player Vs. Player, ou jogador contra jogador) e que inauguram a possibilidade de destruir alguns elementos dos cenários.
Esta ousadia dos desenvolvedores também está presente nas quests, as missões que são dadas aos jogadores para que possam ganhar recompensas e experiência. Antes, “World of Warcraft”, assim como vários outros jogos do gênero, era infestado por quests longas e repetitivas que pediam apenas o massacre de determinado tipo de inimigo ou a busca por uma quantidade específica de itens.
Death Knights em batalha
Em “Wrath of the Lich King” esse tipo de quest ainda existe, claro, mas aparece com menor freqüência. Agora há muito mais variedade, com eventos bastante inusitados, como fugir com um prisioneiro à cavalo sendo perseguido por uma tropa de monstros que lembram lobisomens, se sacrificar em um ritual de magia negra para visitar o mundo do além, controlar um gigante elemental, ou ainda experimentar um preparo especial que pode dar dor de barriga e interditar o banheiro. São tantas que tornariam o texto impublicável, mas há uma especialmente emocionante, que coloca os jogadores diante do Lich King por volta do nível 74 e que culmina em um ataque direto à cidade dos Undeads, Undercity, liderado pelos próprios líderes da Horda e Aliança. Não dá para falar muito sem estragar a surpresa, mas este é, com certeza, um dos maiores momentos do entretenimento eletrônico dos últimos anos.